O humorismo de esquerda

Na abertura da sua História do Riso e do Escárnio, o historiador Georges Minois escreve: “O riso é um assunto demasiadamente sério para ser deixado aos cômicos”. É possível. Mas talvez também não seja sensato deixá-lo aos historiadores. Senão vejamos: Num jornal de grande circulação, o qual o tal Fábio Porchat, um suposto humorista escreveu nesse final de semana um texto primário editado uma cem vezes antes de publicar nos traz outra questão: “Por que é que todos os humoristas da televisão são de esquerda hoje em dia?” Faltam-me instrumentos para saber se essa particularidade sócio-profissional se verifica na realidade com 100% de certeza, mas creio que sim, pois depois da entrevista da Dilma Rousseff no Jô Soares parece não pairarem mais dúvidas.

Sei apenas que Jô Soares, será lembrado pelos petistas convictos que ele foi maior humorista brasileiro da era Dilma, mesmo nunca antes na história deste país ter se revelado de esquerda ou de direita – o que, aliás, tem todo o direito de fazer. Mas admito que caso em questão intrigue cientistas sociais em geral e irrite pessoas de direita em particular: deve ser difícil e até opressivo viver num país sem humoristas de direita. Imagino que o fato de o governo ser de esquerda irrite ainda mais. Além disso, a maioria parlamentar, ao menos no presente instante, parece ser de direita e isso torna a Presidente da República comandante duma República polarizada desde as eleições. Aparentemente é isso que está claro e evidente, mas não temos certeza alguma que isso seja a verdade dos fatos, pois o governo de coalizão é regido por dinheiro no bolso dos políticos e não ideologia. Assim como deve ser para o humorista de esquerda que recebe “licença para captar recursos” através da Lei Rouanet.

O esquerdismo latente dos humoristas brasileiros é assim  revelado dia após dia. Quando Jô Soares teve o atrevimento de debater o mensalão em seu programa e defender José Dirceu tudo ficou claro. Ficou mais uma vez à mostra que regulamentação política do piadismo televisivo chegou ao ponto do sensacionalismo barato típico da esquerda. Não é uma conclusão difícil de tirar, uma vez que o Jô Soares, ao invés de entrevistar Dilma no seu estúdio, a entrevistou longe de qualquer possibilidade de vaia e panelaço tudo ficou escancarado.

De acordo com o que há de mais nítido na cartilha do PT, este esquerdismo maniqueísta enviesa os temas escolhidos pelos humoristas ora contratados: “Pode-se gozar do FHC, mas não com Lula”. Surpreendentemente, a divisão ideológica faz-se entre FHC e Lula que são lâminas da mesma tesoura. Isso sim é hilário. Não se deixem levar pela realidade de que os tucanos são esquerdistas fabianistas, isso estraga a argumentação da militância petista crédula que isso é verdade e os ofende e muito. Uma boa gargalhada ao ler ou ouvir um petista dizendo que o PSDB é de direita chega ser um escárnio, uma afronta a moral e bons costumes do militante do PT mais honesto possível. Se é que isso existe. Não, a direita é FHC e seu partido falso moralista e entreguista que privatizou o Brasil quebrado por três vezes, e o seu contraponto é o PT da pátria grande, da esquerda mais gloriosa e valente de todos os tempos. Isso é dogma e não pode ser refutado!

Eis a prova cabal e irrefutável de que a culpa é do FHC para nós darmos uma boa gargalhada:

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Sobre Aloprado Alonso

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Publicado em 16 de junho de 2015, em Política e marcado como , , , , , , , , , . Adicione o link aos favoritos. 1 comentário.

  1. Rafinhas Bastos e Gentilli definitivamente não são humoristas de esquerda e os dois têm um espaço bem considerável na televisão aberta brasileira.

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