Arquivos do Blog

Em defesa do poeta

Esses dias o famigerado poeta carioca Francisco Costa foi alvo duma senhora que num ato de extrema calhordice conservadora resolveu denunciá-lo por ter ilustrado um de seus poemas na rede social com um belo seio desnudo.

Ora bolas do meu saco! Que tipo de pessoa em sã consciência faria isso contra um pobre e indefeso poeta que ao divulgar seus poemas na rede social se vale nada mais nada menos do que palavras e um seio?

Será que madame não teria enfartado logo de cara ao ver as mamicas da Suzana Vieira saltando sutiã afora no Faustão num domingo desses qualquer? Será que se dignaria essa nobre dama da sociedade a processar judicialmente comunidades inteiras de favelados onde as tetas das mulheres frutas e suas retaguardas tem sido expostas ao som de batidas endemoniadas?

Eu fico me perguntando jocosamente dia após dia: O que seria de Madame Bovary de Flaubert na opinião dessa senhora frondosamente recatada e capaz de denunciar poetas? Será que ela teria a pachorra de denunciar Flaubert por ter redigido romance sobre uma provinciana adultera? Atualmente, creio eu que “provinciana adultera” seria aplicável a qualquer mulher casada noveleira residente no interior de qualquer estado da federação, que, desiludida com seu marido chato chega ao ponto de traí-lo com o leiteiro, açougueiro, padeiro ou até mesmo com um parente digno de Primo Basílio que a cortejasse tornando-se nada mais nada menos que o mais novo “Pão de Queijo” em demanda.

Ora pois, lembrem-se que Flaubert foi levado aos tribunais, onde utilizou a famosa frase “Emma Bovary c’est moi” (Emma Bovary sou eu) para se defender das acusações. Acusado de ofensa à moral e religião, num processo contra o autor e também contra Laurent Pichat, diretor da revista Revue de Paris, em que a história foi publicada pela primeira vez, em episódios e com alguns pequenos cortes.

A dona justa absolveu Flaubert, mas o mesmo procedimento não foi adotado pelos críticos puritanos da época, que não perdoaram o autor pelo tratamento cru que ele tinha dado, no romance, ao tema do adultério, pela crítica ao clero e burguesia.

Então, venhamos e convenhamos, se ainda existem senhoras cheias de recato e pudor contrárias aos seios desnudos nas redes sociais eu desafio esta mesma senhora a denunciar o meu blog onde postagens a fio postei bundas, seios e quiçá até algum pênis para ilustrar os meus textos que nada tem de poesia, nadinha, mas no fundo são um testemunho inexorável contra a imbecilidade alheia como desta tal mulher usurpadora da arte e liberdade de expressão alheia!

E tenho dito!