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Esquerda e Direta são conceitos do passado?

A esquerda continua no processo de derretimento irreversível em diversos establishments onde a democracia e liberdade de expressão são as ferramentas para banir os políticos alinhados com a esquerda. É também essencial não deixarmos a direita autoritária livre para oprimir em outros lugares ou tomarem o espaço vazio deixado pela esquerda populista. Nunca se esquecendo é claro, de continuar a pregar o caixão do marxismo e suas ideologias auxiliares.

O próximo front dessa batalha será na França ano que vem. Aguardemos o desenrolar dos efeitos negativos e positivos da eleição de Donald Trump, pois esse fato será pano de fundo para que a extrema direita angarie mais adeptos e vitórias eleitorais em vários lugares da Europa no futuro.

Depois do desmanche do bloco socialista e da incontestável constatação de que o paraíso do proletariado não passa de lorota, as coisas começaram a mudar em vários lugares do mundo desde a queda do muro de Berlim. A visão de mundo de esquerdistas e direitistas convergiu a ponto de ser hoje muito difícil  apontar diferenças significativas. Cada uma das duas correntes de pensamento deu um passo em direção à outra.

Desencantados com experiências fracassadas, os socialistas já não preconizam intervenção do Estado em todos os meandros da sociedade. Por outro lado, assustados com o liberalismo excessivo que levou ao baque econômico de 2008 a direita já reconhecem a necessidade de uma certa dose de regulação por parte do Estado na economia e intervenção direta nos mercados financeiros.

Diante disso, falar em esquerda e direita faz menos sentido a cada dia que passa. Assim mesmo, clichês têm vida longa. Na Europa, jornalistas e analistas ainda fazem questão de colar uma etiqueta na testa de mandatários e de partidos. A força do hábito faz que apliquem automaticamente os mesmos parâmetros a políticos e à política de países longínquos.

No Brasil depois de quatro mandatos com presidentes de esquerda há uma evidente antipatia aos partidos e políticos de viés socialista. Para todos analistas mundo a fora Evo da Bolívia, Maduro da Venezuela, os irmãos Castro de Cuba, Rafael Correa do Equador e outros tantos políticos latinos são classificados como políticos de esquerda e ditadores populistas. Outros como, Michèle Bachelet do Chile, Mauricio Macri da Argentina, Horacio Cartes do Paraguai são taxados como de direita.

Não compartilho dessa percepção. A linha divisória entre campos políticos na América Latina não passa entre esquerda e direita. Dizer que nossos mandachuvas se dividem entre sérios e populistas estaria mais próximo da verdade. Os europeus e norte-americanos têm enorme dificuldade em se dar conta disso.

Os sérios podem ser partidários de maior ou menor intervenção do Estado ‒ não é essa a marca que os distingue dos outros. O mesmo vale para os populistas. A diferença mais marcante entre eles é que os sérios, que se tornaram mercadoria rara, vendem pastel com recheio. Já os populistas ‒ que, no Brasil, ocupam o topo da pirâmide há vários anos ‒ vendem pastel de vento.

 

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